quarta-feira, 18 de abril de 2012

Falência no sistema de reeducação para adolescentes infratores!

Saudações internautas!


Logo abaixo segue uma matéria interessante, que dá conta de mais uma falência estatal - os centros de reeducação para adolescentes infratores.


Vale a pena conferir e opinar!


Cidades - Diário de Natal
Edição de quarta-feira, 18 de abril de 2012 
Ceduc: juíza avalia fechamento da unidade
Para Ilná Rosado, mudanças pedidas à Fundac não estão sendo feitas e situação no local é "insustentável"
Paulo de Sousa
jpaulosousa.rn@dabr.com.br 


Rebelião e falta de condições estruturais depõem contra o Ceduc Pitimbu. Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press
Diante da rebelião que ocorreu no Centro Educacional (Ceduc) Pitimbu na tarde da última segunda-feira e do resultado da inspeção que ela própria realizou no local há cerca de um mês, a juíza da Vara da Infância e Juventude de Parnamirim, Ilná Rosado Motta, deve decidir pelo fechamento definitivo da unidade na próxima semana. O Ceduc foi interditado parcialmente pela magistrada no dia 13 do mês passado. Para ela, a situação da unidade socioeducativa é insustentável, tanto em relação à segurança quanto à estrutura.

O que pesa na decisão da juíza é a possibilidade de os 32 adolescentes infratores que estão internados no local terem de voltar para suas casas, caso realmente decida pela interdição da unidade. O presidente da Fundação Estadual da Criança e do Adolescente (Fundac), Getúlio Batista, garante, no entanto, que as reformas estruturais pedidas pela magistrada estão sendo executadas e estima que em um ano o Ceduc Pitimbu seja reinaugurado.

Ilná Rosado lembra queestá concluindo a análise dos laudos emitidos pela Vigilância Sanitária do Estado (Suvisa), Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, que apontam problemas graves que vão desde a alimentação à falta de segurança do Ceduc Pitimbu. Os documentos já tinham motivado a juíza a pedir a interdição parcial da unidade socioeducativa, impedindo que novos adolescentes sejam internados no local.

Para a magistrada, a rebelião expôs os problemas graves de segurança apresentados no Ceduc. "Eu mesma tive de expedir ofícios para a Secretaria de Segurança e para o Comando da PM para que fosse enviado reforço para conter a rebelião". Ilná Rosado afirma que a Fundac não tem cumprido com as determinações que ela tem expedido quanto às reformas estruturais, entre elas a elevação do muro de contenção e aumento do efetivo policial que trabalha na unidade. "Nenhuma atitude foi tomada para solucionar os problemas, principalmente de segurança. Não podemos compactuar com a omissão do Estado quanto à integridade física de seus funcionários.Naquela rebelião, podiam ter se ferido policiais, o diretor, entre outros".

Reflexão
Contudo, para Ilná Rosado, a nova Lei que regulamenta o Sistema Nacional Socioeducativo, em vigor a partir de hoje, é um motivo para refletir melhor sobre o fechamento total do Ceduc Pitimbu. O artigo 49, inciso II, da Lei estabelece o direito de o adolescente sentenciado ao internamento ser inserido em programa em meio aberto, ou seja, responder ao crime em casa, quando não existir vaga em unidade socioeducativa. "Se eu fechar a unidade, é possível que adolescentes que são latrocidas ou homicidas tenham de cumprir pena em suas casas. Isso vai além da questão estrutural e passa à questão de segurança pública".

Promessa
Getúlio Batista, da Fundac, afirma que desde a quarta-feira da semana passada existe uma construtora realizando as reformas estruturais exigidas pela magistrada. "A elevação do muro já foi iniciada e vamos realizar várias outras reformas, como a instalação de uma piscina olímpica e uma quadra de basquete. Acredito que em um ano deveremos entregar um novo Ceduc Pitimbu", alega. 
Considerações:


Como temos dito, não adianta colocar um amontoado de pessoas ( principalmente, nesse caso específico, que ainda tem um grau intensificador, pois são adolescentes infratores) fazendo como diria, Michael Foucault, uma higienização social, pensando em livrar-se do problema, pois certamente terá consequências desastrosas - como de fato está gerando para a sociedade potiguar.

Nesse sentido, a violação de direitos por parte do Estado funciona como fator catalisador de mais violência e, consequentemente mais criminalidade.

Ainda nessa perspectiva, é inadmissível que o próprio Estado descumpra o que se propõem a realizar, ou seja, custodiar àqueles que de tão violados, marginalizaram-se. 


Tornou-se lugar comum esse tipo de circunstância com os adultos, mas perpetuá-la para com os adolescentes infratores é, no mínimo, estar condenando as próximas gerações a um estado de anomia social (Emilie Durkheim). 


Leis feitas para inglês ver, combinada  com uma boa dose de péssima administração, untada com uma pitada de corrupção, certamente é uma receita fantástica para uma sociedade desigual, injusta e desumana, que faz a "assepsia social" no intuito de livrar-se do problema que ela mesma criou. Como diria Gil: Gente estúpida!

Segue logo abaixo um pequeno vídeo para reflexão!

Au revoir!


3 comentários:

  1. Uma lei caduca que inimputa o menor infrator, somado a falta de oportunidades de educação e consequentemente, inserção no mercado de trabalho a esses indivíduos que se encontram a margem da sociedade e ademais, com a constatação desse modelo de “ressocialização” falido: o que será dos potiguares, em particular, dos Natalenses. É pedir ajuda divina, mesmo para os não crentes. Oxalá que encontrem alguma solução para esse caos social.

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  2. Uma lei caduca que inimputa o menor infrator, somado a falta de oportunidades de educação e consequentemente, inserção no mercado de trabalho a esses indivíduos que se encontram a margem da sociedade e ademais, com a constatação desse modelo de “ressocialização” falido: o que será dos potiguares, em particular, dos Natalenses. É pedir ajuda divina, mesmo para os não crentes. Oxalá que encontrem alguma solução para esse caos social.

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  3. Thanks a lof meu Dear Janilson por suas considerações!

    Como tenho dito, não adianta legislar como se estivéssemos vivendo na Irlanda, Canadá, Suíça... O Eca não é tão velho assim, pois foi institucionalizado em 1990, a grande questão é que destoa de nossa realidade social, que criou mecanismos de ressocialização e fiscalização que não consegue operacionalizar: primeiro porque as instituições de ressocialização são verdadeiras "cadeias" tão falidas quanto as que custodiam os adultos, com profissionais mal preparados e condições de trabalho inadequadas e insalubres; e em segundo lugar porque a rede de aparelhos/instituições criadas (algumas delas nem instituídas)não têm o aparato físico e de pessoal necessário para operacionalização das missões legais para que foram criadas.

    Como diria Boris Casoy: "Durma-se como esse barulho!"

    Voltaremos ao ponto em novas postagens.

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