domingo, 23 de fevereiro de 2014

Saudações caríssimos (as) internautas!


Perdoem-me a ausência, mas são os ossos da minha nova empreitada (o doutorado na UFRN), o qual, obrigatoriamente, requer muitas horas de leitura e não sobra quase tempo. That is, o dia de 24h está cada vez mais curto!

Mas vamos ao que interessa. Temos visto nos últimos dias uma série de acontecimentos relacionados à anomia social, qual seja, linchamentos promovidos por membros da sociedade que se dizer insatisfeitos com a atual performance do Estado frente à onda de criminalidade que se alastra de Norte a Sul  do país.

Bom, este é um ponto é realmente sério  e precisa de políticas de enfrentamento urgentes, porém sempre que no país ocorrem casos de violência e a mídia dá aquela forcinha, de cunho, na maioria das vezes, sensacionalista, começam a se proliferar em todos os rincões do nosso país continental (este é outro dado bem completo e específico que necessitar ser analisado por todos) clamores por penas mais duras, redução da maioridade penal, pena de morte, entre outras medidas imediatista, inclusive, com grupo de justiceiros fazendo justiça com as próprias mãos, e até a população, em geral, que é facilmente manipulada  seguindo essa ideologia autoritária, demagoga e fortemente marcada com interesses escusos.

Nessa perspectiva, enfatizo: é preciso analisar os fatos e realmente observar quais serão os criminosos que serão efetivamente punidos. Outro aspecto deveras significativo está na seara do entendimento que temos por justiça e punição. Então, indaga-se! Queremos uma justiça que nos iguale aos criminosos que tanto criticamos ou queremos uma justiça que promova a (re)inserção social? Bom, daria uma tratado, mas para não ficar sacal recomendo para os que se interessarem posteriormente podem dar uma folheada em Vigiar e Punir de Michel Foucault.

É nesse sentido que chamo a atenção para a entrevista (logo abaixo) muito interessante do sociólogo Alípio Souza Filho, do qual tive o prazer tê-lo com professor nos bancos da UFRN.

A sociedade deve repudiar a ideologia de justiça com as próprias mãos”
Publicação: 23 de Fevereiro de 2014 às 00:00

Bate-papo com Alípio Souza Filho - Professor e doutor em sociologia pela UFRN
Rodrigo SenaPara o professor, a sociedade deveria repudiar a ideologia de justiça com as próprias mãosPara o professor, a sociedade deveria repudiar a ideologia de justiça com as próprias mãos

Quais fatores contribuem para esse tipo de atitude? Sentimento de impunidade?


Penso que o fator principal é uma opção pela barbárie por parte de certos setores da sociedade brasileira, que continuam com mentalidade de senhores escravistas ou de coronéis, que se negam a se civilizar e a admitir o papel do Estado moderno na vida social. Na sociedade moderna, o ente que cuida dos assuntos relativos ao que se nomeia de “crime” é o Estado. A ideologia do “sentimento de impunidade” é uma falácia para justificar a vontade autoritária, violenta e fascista de certos setores da sociedade que continuam a acreditar que podem agir no mundo como querem.
 
Isso não seria uma reação que qualquer pessoa pode ter em um momento de raiva?


A raiva é uma emoção humana que deve ser sabiamente administrada, sublimada, substituída por alguma outra emoção ou atitude racional, única maneira de não fazermos de relação com o outro uma relação de ódio e guerra, assim como única maneira de tornarmos as relações sociais possíveis.


Estamos diante de algo “novo” ou apenas há maior exposição dos casos em função das ferramentas de comunicação?


Nada de novo há nesse comportamento. Pelo contrário, a cena do garoto negro, preso a um poste, com uma argola no pescoço, é coisa das podres entranhas da sociedade brasileira que, em seu passado, foi escravista, em seu modo de produção e estrutura social, e que, hoje, permanece escravista de modo imaginário, com efeitos práticas nas relações sociais.
 
Qual deve ser a reação da sociedade diante desses casos?


A sociedade brasileira deve repudiar toda a ideologia de “justiça com as próprias mãos”. Rechaçar toda ideologia falaciosa que o Estado não atua, que é ausente, que não há punição para os criminosos  e bandidos. Isso é discurso de gente autoritária, fascista ou ignorante. Além, é claro, é discurso de segmentos interessados num Estado autoritário, repressivo e complementado, ilegalmente, por bandos de extermínio, assassinos de aluguel, milícias criminosas.
 
Fonte:
 
 
Saludos!

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